MUDA DA ÁRVORE DE GUERNICA NOS JARDINS VATICANOS, COMO SÍMBOLO DA PAZ

Painel "Guernica", de Picasso, imortalizou o bombardeio sobre a localidade - AFP

21/04/2017 
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Bilbao (RV) - "Agora temos outro sonho, que é o de plantar uma muda nos Jardins do Vaticano, como símbolo da paz".

2017 é o ano que recorda os 80 anos do bombardeamento de Guernica, mais precisamente no dia 26 de abril. Em memória a estes tristes acontecimentos e também para lançar uma mensagem de esperança e paz, uma delegação basca, guiada por Ana Otaduni, plantou esta semana em Auschwitz uma muda vinda da Árvore de Guernica. O desejo, é fazer o mesmo no Vaticano, explicou ela.

"Estamos trabalhando para que se torne realidade, com a colaboração de lehendakari e do Bispo de Bilbao, Dom Mario Iceta. É um local que pode receber uma muda. No entanto, não esquecemos de outras cidades simbólicas, como Hiroshima e Nagasaki, que padeceram com os bombardeios atômicos".

Auschwitz

"Unir dois povos que, décadas após terem sofrido atrozes violações dos direitos humanos, tornaram-se exemplo de memória e reconciliação". Com este objetivo, e no âmbito dos 80 anos do bombardeio de Guernica, a delegação guiada pelo político Urkullu lehendakari e pela Presidente da Junta de Bizkaia, Ana Otadui, viajou à Polônia na última quarta-feira, para plantar uma muda da célebre Árvore no Campo de Concentração de Auschwitz.

A Árvore de Guernica é o símbolo mais universal do povo basco, que após o bombardeio, tornou-se o símbolo de seu desejo de paz.

"Com o plantio da muda, queremos unir os símbolos de Guernica e Auschwitz - explica Ana Otadui. Guernika representa o início das atrocidades da Segunda Guerra Mundial, como um ensaio do bombardeamento massivo contra a população civil. E Auschwitz, sem sombra de dúvidas, representa o maior expoente da máquina de matar nazista, das atrocidades que o ser humano é capaz de chegar a cometer", acrescenta.

O gesto é marcado por uma simbologia de esperança. "A Árvore do desejo de paz do povo basco lança raízes na terra que conheceu o maior dos horrores que se poderia imagina. O anseio pela paz, a luta pelos direitos humanos", ressalta.

Os horrores na Espanha foram imortalizados por Picasso na sua célebre obra "Guernica", que poderia  chamar-se a "Aleppo" de hoje, observa Ana.

A delegação basca também encontrou-se com sobreviventes do Holocausto, oportunidade em que foi debatido o significado dos dois acontecimentos: Gernika e Auschwitz, recordando também memória dos espanhóis que também conheceram os horrores dos Campos de Concentração.

A Árvores de Guernica é um símbolo respeitado por todos os bascos dos sete territórios. A primeira muda em 2017 foi plantado em Sartaguda, Navarra.

O Bombardeio de Guernica ocorreu durante a Guerra Civil espanhola, em 26 de abril de 1937, por  aviões alemães da Legião Condor.

O ataque destruiu a maior parte da localidade, na época com 5.000 à 7.000 habitantes, procando centenas de vítimas. Foi considerado um ataque terrível na época e usado como uma propaganda amplamente difundida no Ocidente, levando a acusações de "atentado terrorista" e de que 1.654 pessoas teriam morrido no ataque. Estimativas modernas avaliam no entanto, como entre 300 e 400 o número de mortos. Alguns estudos espanhóis recentes, porém, limitam a não mais de 160 o número de mortos.

O ataque, que serviu também para testar aviões de guerra e ganhar experiências no combate aéreo, apoiou as forças de Francisco Franco que invadiram a cidade poucos dias depois do bombardeio. (JE)

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